(Texto elaborado para o curso de Jornalismo 2.0, do centro Knight de Jornalismo)
Há quem diga, e não sem razão, que vivemos uma nova revolução nos modos de se comunicar e compartilhar experiências. Tal fenômeno, porque não comparável a revoluções já vividas, como a Industrial e a Francesa, carrega consigo um salto qualitativo à sociedade, deixando marcas em seu modo de ser fazer algo ou até mesmo viver.
O que se vê hoje é a chamada Revolução Digital, cujo marco inicial poderia ser o nascimento da Web 2.0. E para desvendar melhor o paralelo existente entre essa e as outras revoluções históricas, é importante destacar os principais acontecimentos daquilo que é vivenciado hoje, e que ocorre num ambiente de redes: a internet.
Computadores ligados, conectados a diversos serviços, ligam, sobretudo, pessoas, seres humanos, que desejam compartilhar idéias, pensamentos, vontades e revoltas. Tudo isso, que já era praticado há tempos, através do contato físico, passou a encontrar morada num ambiente virtual. As relações não deixam de ser reais, apenas o suporte das mensagens foi modificado. E ao contrário do que se pensa, a pessoa passou a ser o grande foco de atenção da web, e não apenas tecnologia em si.
A internet, que nasce como programa de estratégia militar, deixa de ser apenas um elo entre computadores, e passa a ser um ambiente de redes centradas em usuários, em seres humanos. Uma das grandes marcas dessa que chamamos de “revolução” é a interatividade, que revela uma maior participação do internauta.
A revolução web 2.0, portanto, não rompeu ou quebrou uma relação entre pessoas, mas deu novas chances a elas. Por exemplo: Há algum tempo o usuário era, na verdade, um consumidor de conteúdos. Hoje, mais que um receptor, ele é produtor, seja de entretenimento ou até mesmo de informação. Aqui surge mais uma relação alterada nesse quadro, que está inserida, particularmente, no modo de ser fazer e pensar jornalismo. O modelo emissor- receptor é agora sinônimo de velha mídia, e não “atoa”, um estudioso da comunicação, Caio Túlio Costa, disse que o contrário disso é chamado de “mídia revolucionária”.
Assim, na web 2.0, o leitor é convidado a interagir também com o mundo das notícias, e porque não fotografar, filmar, dirigir um curta, criar sua própria página? Imagina-se também uma nova Ágora, uma praça, como nos moldes gregos mas um tanto adaptada, em ambiente de rede.
Mais participação de um lado, mais opções de outro. Ferramentas surgem a todo instante, frutos do compartilhar e interagir de usuários, cujos atos e anseios servem de inspiração para que outros possam desenvolver novas ferramentas de trocas. Para ilustrar essa idéia, basta pensar em algo muito simples: um álbum de fotos. Hoje em dia é possível não só armazenar imagens, mas também editá-las, fazer combinações e publicá-las em blogs ou sites de relacionamento.
E o que falar das comunidades virtuais? Orkut, Myspace, Sonico, dentre outros, não são mais meros aspectos da moda “teen”, mas atrai grande parcela da população, e até mesmo as empresas. Há rumores de que o Orkut é, para algumas corporações, um novo tipo de curriculum vitae. Afinal, é lá que a pessoa mostra suas preferências, hábitos e desejos.
É necessário destacar que há também um novo regime e valor de trocas dentro desse sistema: a colaboração. O usuário, que interage, comenta, reproduz e distribui está muito mais interessado em acrescentar do que provocar o erro. Claro, a internet está sim sujeita a falhas e mentiras, mas é o risco que se corre em qualquer tipo de plataforma de informação.
O que há então entre a web 1.0 e a 2.0 é um salto qualitativo, um aperfeiçoamento, de 1 para 2, e quem sabe, muito em breve, para 3. Por enquanto fica o 2, e sua ferramentas multimídias, que se unem ao desejo de compartilhar, experimentar e interagir, marcas jamais vistas na história das revoluções. Mas uma coisa é certa: haverá sempre o que falar de web 2.0, pois sua marca é a constante atualização e inovação.
Créditos da imagem: retirada do blog mentesbrilhantes.wordpress.com